Aneel confirma reajuste e adicional vai a R$ 5
Altas temperaturas de MT deverão onerar ainda mais consumo dos mato-grossenses a partir de agora
Economizar energia deverá ser palavra de ordem a partir de 1º de novembro para os mato-grossenses. Sexta-feira, A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter o segundo patamar da cobrança adicional da bandeira vermelha nas contas de luz em novembro. Além disso, o valor cobrado foi reajustado em 43%, saltando de R$ 3,50 – como vigorou em outubro – para uma taxa extra de R$ 5 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Conhecido pelo forte calor em praticamente todos os meses do ano, Mato Grosso deverá ser dos mais atingidos pela alta da taxa adicional.
A servidora pública, Hérika Maria de França, conta que desde adolescente cultiva o hábito de economizar energia, comportamento absorvido do pai, que sempre pedia para desligar as luzes de ambientes vazios, bem como moderar o uso do chuveiro elétrico. “Hoje faço o mesmo na minha casa com meus filhos e não sei mais o que posso aplicar para reduzir o consumo. Desde a chegada dessas fortes ondas de calor, lá para meados de agosto, estou dormindo com meus filhos no mesmo quarto, para ligar apenas um ar condicionado e ligado apenas à noite. Em Cuiabá, ar não é luxo e sim qualidade de vida. Se a Aneel resolveu aumentar a sobretaxa, penso que ao menos estados reconhecidos como muito quentes deveriam ter um tratamento diferente, infelizmente, na minha opinião, essa alta vai prejudicar mais que mora em Mato Grosso do que àqueles de outros estados, como por exemplo, em Mato Grosso do Sul”.
Na bandeira amarela, a taxa extra cai de R$ 2 para R$ 1 a cada 100 quilowatt-hora consumidos (kWh). No primeiro patamar da bandeira vermelha, o adicional continua em R$ 3 a cada 100 kWh, mesmo valor do sistema atual. E no segundo patamar da bandeira vermelha, a cobrança passa a R$ 5 a cada 100 kWh, ante R$ 3,50 a cada 100 kWh. E na bandeira verde, o consumo seguirá livre de taxas.
Ela disse ainda que já morou em Campo Grande e se lembra bem de que o clima lá é mais fresco quando comparado ao de Cuiabá. “Ai eu pergunto, para que existe então horário de Verão, não é para economizar?”, lamenta.
Apesar das observações da servidora pública, ela e mais de 1,3 milhão de consumidores mato-grossenses atendidos pela Energisa terão que procurar formas de economizar para não haver sobressaltos na conta de energia do próximo mês.
Hérika disse que mesmo com vigilância sobre o consumo, de pegar no pé dos filhos e passando boa parte do dia fora de casa, a conta de outubro veio quase R$ 100 mais cara que a paga em setembro. “A fatura desse mês veio em quase R$ 360. Agora fico imaginando quanto vou pagar na de novembro”, pontua.
A SECA – A decisão da Aneel que é fruto da mudança na metodologia do sistema de bandeiras tarifárias, vai considerar além do preço da energia no mercado à vista, o nível dos reservatórios das hidrelétricas, que estão em patamar crítico em razão do prolongamento da estiagem na região central do País. \”Não houve evolução na situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas em relação ao mês anterior e, ainda que não haja risco de desabastecimento de energia elétrica, é preciso reforçar as ações relacionadas ao uso consciente e combate ao desperdício\”, afirmou a Aneel.
”O patamar 2 indica a necessidade de operar usinas térmicas mais caras para compensar a geração hidráulica inibida pela falta de chuvas\”, acrescentou a agência reguladora. E a cobrança dos R$ 5 poderá ser repetidamente cobrada dos consumidores mês após mês, enquanto houver o chamado ‘risco hidrológico’.
A seca levou o governo federal a realizar avaliações semanais sobre as condições de fornecimento de energia no País. O abastecimento está garantido, mas a custos elevados, devido à necessidade de acionamento de termelétricas. A estiagem é tão intensa que já é possível afirmar que o ano é um dos piores da história na região central do País, que reúne 80% de todos os reservatórios.
O sistema de bandeiras tarifárias é uma forma diferente de cobrança na conta de luz. O modelo reflete os custos variáveis da geração de energia. Antes, esse custo era repassado às tarifas uma vez por ano, e tinha a incidência da taxa básica de juros, a Selic, o que deixava a conta mais cara. Agora, esse custo é cobrado mensalmente e permite ao consumidor adaptar seu consumo e evitar sustos na conta de luz.
Desde janeiro de 2015, o consumo tem sido acrescido de sobrevalores em função das bandeiras tarifárias.