Bloqueios já provocam escassez em postos e mercados de MT

por valcorreia — publicado 24/05/2018 14h20, última modificação 24/05/2018 14h20
No setor alimentício, o consumidor deve começar a sentir a escassez e a alta nos produtos, ainda esta semana.
Os  efeitos dos bloqueios dos caminhoneiros contra o aumento no preço dos combustíveis já começam a ser sentidos em postos de combustível e mercados do Estado.
Convocada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), a manifestação começou na manhã de segunda-feira (21). Já são 21 pontos de bloqueio nas rodovias federais de Mato Grosso, conforme informações da Polícia Rodoviária Federal.
De acordo com a entidade, o protesto é contra o aumento no preço do óleo diesel, o que estaria tirando a rentabilidade do setor.
Conforme a assessoria de imprensa do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (SindiPetróleo-MT), pelo menos dois postos de combustíveis – em Tapurah e Tangará da Serra – já confirmaram a falta do produto.
Os caminhões que iriam abastecer as bombas estão paralisados nas estradas. Por conta disso, as distribuidoras não conseguem receber e nem fazer a saída de produtos.
Conforme o sindicato, caso o bloqueio continue, a situação deve piorar a partir de sexta-feira (25), já que a maioria dos postos possui estoques que duram em média de cinco a sete dias.
No setor alimentício, o consumidor deve começar a sentir a escassez e a alta nos produtos, ainda esta semana.
Segundo o presidente da Associação Matogrossense de Atacadistas e Distribuidores (Amad), João Carlos Sborchia, o protesto já está refletindo no setor.
“Daqui a pouco começa a faltar os produtos industrializados, principalmente aqueles que não são fabricados no Estado. Isso começa a ter reflexos nos preços dos produtos. Nós não temos rodovias, não somos um País desenvolvido. Aqui tudo é feito pelo caminhão” disse.
“Então isso nos causa preocupação muito grande. Na verdade, já está havendo e é uma situação que você acaba tendo que repassar o custo, e isso gera uma inflação”, afirmou.
O presidente ainda informou que apoia o movimento dos caminhoneiros e critica o aumento do combustível.
“O Brasil quer adotar politica de ‘mercado internacional’ com relação a preço, mas não aplica quando se fala em impostos. Hoje o litro do diesel varia de acordo com os Estados, não só considerando as distâncias, mas as taxas de impostos. Isso requer uma atenção de todos nós, do governo estadual, federal e empresários", afirmou.
"Acho justíssimo o movimento dos caminhoneiros, porque é impossível trabalhar assim. O caminhoneiro sai hoje com o frete do Sul pra cá [Mato Grosso], vem aqui com o custo do óleo e ganha um pouquinho a mais pra retornar, e assim ele consegue ganhar uma ‘coisinha’. Mas na hora de fazer a conta de tudo, ele sai no prejuízo”, comentou.
Em nota, a Associação de Supermercados de Mato Grosso (Asmat) afirmou que esta acompanhando a paralisação dos caminhoneiros e teme pela falta de carnes e verduras.
“A entidade já identificou alguns itens que podem sofrer desabastecimento, como carnes e verduras. O setor está torcendo para que grevistas e Governo Federal cheguem a um acordo o mais rápido possível”, diz trecho da nota.
 
Os bloqueios
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, em Mato Grosso as manifestações têm sido pacíficas.
No Estado veículos de passeio, ambulâncias, ônibus e pesados com cargas vivas ou perecíveis estão com passagem liberada. Apenas os pesados com cargas não perecíveis estão sendo impedidos.
Fonte: www.folhadonortemt.com.br