Empresa usada para fraude no Detran-MT não tinha funcionário nem sede física, diz MP

por valcorreia — publicado 21/02/2018 14h43, última modificação 21/02/2018 14h43
Empresa usada para fraude no Detran-MT não tinha funcionário nem sede física, diz MP

Esquema teria desviado dinheiro do Detran-MT (Foto: Rafaella Zanol - Gcom/MT)

A empresa usada para um esquema de desvio de dinheiro no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT) não possuía quadro de funcionários nem sede física. A informação é do Ministério Público Estadual (MPE) e consta no inquérito policial que investiga a fraude. O desvio é investigado na Operação Bereré, deflagrada na segunda-feira (19).

Entre os investigados estão o presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), Eduardo Botelho (PSB), e o deputado Mauro Savi (PSB). Os dois são apontados pelo MPE como parte dos chefes do esquema.

Em entrevista coletiva, Eduardo Botelho chamou a acusação de infundada e negou participação no esquema. Mauro Savi diz que irá prestar todos os esclarecimentos à Justiça.

De acordo com o MPE, a Santos Treinamento – empresa que tem Eduardo Botelho como sócio – recebeu “vultuosos montantes” da EIG Mercados Ltda (atual FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação Ltds), contratada para a prestação de serviços.

A empresa, entretanto, não tinha nenhum empregado ativo no quadro de funcionários e nunca apresentou despesas com aluguel, energia elétrica, água, telefone, contador, impostos e outros gastos.

 

“Todas essas circunstâncias são típicas das chamadas empresas fantasmas, que são utilizadas, exclusivamente, para a prática de crimes de forma a ocultar os verdadeiros criminosos”, diz o MP.

 

 

Esquema de desvio

 

De acordo com o MP, o esquema começou a vigorar em 2009, quando o ex-presidente do Detran-MT, Teodoro Lopes, o Dóia assumiu o cargo.

Teodoro Moreira Lopes, o Dóia (Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT)

Teodoro Moreira Lopes, o Dóia (Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT)

Ele fez acordo de delação premiada com o MP. Segundo ele, o esquema começou na gestão do ex-governador Silval Barbosa (MDB), com a indicação dele ao cargo. A sugestão teria sido feita pelo deputado Mauro Savi.

Dóia afirmou que, depois de assumir o cargo, participou de uma reunião com Savi e outros investigados. Na ocasião, o esquema foi prosposto a ele.

Ao todo, 30% do valor recebido pelas empresa vencedora do contrato era repassado ao integrantes da quadrilha.

Operação Bereré no Edifício Campo D'ourique no Santa Rosa, em Cuiabá (Foto: Tiago Terciotty/TV Centro América)

Operação Bereré no Edifício Campo D'ourique no Santa Rosa, em Cuiabá (Foto: Tiago Terciotty/TV Centro América)

 

Operação Bereré

 

A Operação Bereré cumpriu mandados em Cuiabá, Sorriso, a 420 km de Cuiabá, e Brasília, pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Civil, contra desvio de verba do Detran.

Foram cumpridos mandados na casa de Eduardo Botelho, na casa e no gabinete do deputado Mauro Savi, na casa do ex-deputado federal Pedro Henry e nas casas de servidores públicos e empresários.

O esquema é investigado pela Delegacia Especializada em Crimes Contra a Administração Pública e Ordem Tributária (Defaz) em conjunto com o Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco).

 

Fonte: G1 MT