Ex-deputado é condenado a 18 anos e a devolver R$ 8 milhões por desvio de dinheiro da ALMT e juiz cita ganância e ambição
Enquanto primeiro-secretário da Assembleia, José Riva se apropriou do dinheiro do órgão e desviou cheques em benefício pessoal. Ele trocou cheques assinados por si mesmo em factoring de ex-bicheiro.
O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), José Geraldo Riva, foi condenado a 18 anos e sete meses de prisão e a devolver R$ 8,8 milhões aos cofres públicos. Na decisão de sexta-feira (12), o juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, diz que o ex-parlamentar cometeu o crime de peculato por 32 vezes e de lavagem de dinheiro por 26 vezes, o que aumentou a pena. OG1 tentou mas não conseguiu falar com a defesa dele.
A pena seria em regime inicialmente fechado, mas, como o réu responde ao processo em liberdade, o magistrado deu ao ex-deputado o direito de aguardar em liberdade o julgamento em segundo grau. Os crimes foram cometidos entre 1999 e 2002.
Enquanto primeiro-secretário da Assembleia, Riva se apropriou do dinheiro do órgão e desviou cheques em benefício pessoal, inclusive enumerando tais cheques e assinado todos os cheques que foram trocados na Confiança Factoring, de propriedade do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro. Arcanjo passou quase 15 anos preso e foi solto no ano passado.
Para o magistrado, a conduta de José Riva é reprovável, pois ficou evidente que ele usava a coisa pública como se fosse sua, praticando os desvios em favor próprio, ou de terceiros. "Personalidade com forte inclinação à prática de ilícitos penais, tratando com total descaso o seu dever público, praticando vários crimes por ganância, ambição, mostrando-se uma pessoa dissimulada", diz.
Riva foi preso várias vezes seguidas entre 2014 e 2016 e perdeu o foro privilegiado. Ele passou mais de 20 anos ocupando a função.
Esquema teria desviado dinheiro por meio de cheques trocados em factoring de João Arcanjo Ribeiro — Foto: TVCA/Reprodução
Essa condenação recente tem relação com crimes investigados na Operação Arca de Noé, deflagrada em 2002 pela Polícia Federal. A operação contra o crime organizado em Mato Grosso levou João Arcanjo à prisão.
O ex-deputado teria criado empresas fantasmas que forjaram serviços prestados à Assembleia Legislativa, a fim de desviar recursos públicos da Casa de Leis.
Em 2017, ele foi condenado a 22 anos e quatro meses de prisão por desviar dinheiro do Legislativo por meio dessa mesma factoring.
Desde que assumiu cargo de deputado estadual, Riva fez revezamento, exercendo ora a função de presidente, ora de vice-presidente e primeiro-secretário, responsável pela ordenação de despesas do Legislativo.
Brechas jurídicas garantiram a permanência dele no cargo, apesar da série de denúncias de irregularidades que pesam contra o deputado.
Recentemente, uma das aeronaves da família do ex-deputado que tinha sido apreendido passou a ser utilizado pelo Comando Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) por determinação da Justiça.
Por G1 MT