Índia de MT participa de conferência na Alemanha e alerta sobre impacto de hidrelétricas em terras indígenas

por valcorreia — publicado 09/05/2019 18h40, última modificação 09/05/2019 18h40

Levantamento identificou 138 usinas na bacia do Juruena, sendo que dessas 32 estão em operação, 10 em construção e 96 em fase de planejamento.

Marta Tipuici, da etnia Manoki, participa nesta quinta-feira (9) do evento “Hidrelétrica, mudança climática e os objetivos de desenvolvimento sustentável” em Berlim, capital da Alemanha. Marta, que é da Terra Indígena Irantxe, que pertence ao município de Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, falou sobre o impacto das hidrelétricas para os povos indígenas.

Ela é representante da Rede Juruena Vivo (RJV), que luta por alternativas de desenvolvimento na sub-bacia do Juruena, no noroeste de Mato Grosso.

Um levantamento realizado pela Operação Amazônia Nativa para a RJV em 2019, identificou 138 usinas na bacia do Juruena, sendo que dessas 32 estão em operação, 10 em construção e 96 em fase de planejamento.

"São as hidrelétricas, em especial as micro e pequenas usinas espalhadas pela bacia do Juruena, que sustentam a produção de muitas empresas produtoras de grãos para exportação. Nossos parceiros na Europa têm um papel fundamental em alertar compradores e investidores sobre os impactos sofridos pelos povos indígenas", declarou a jovem indígena.

Além de Marta Tipuici, Andreia Fanzeres, da Operação Amazônia Nativa, organização indigenista que atua em Mato Grosso e Amazonas, também participa do evento, discutindo hidrelétricas e direitos humanos. A mesa composta por ela e representantes de outros países aborda os limites entre crescimento econômico e as consequências sociais dos empreendimentos.

A conferência, realizada pela organização não governamental alemã Gegenstromung, coloca em discussão os efeitos econômicos, sociais e ambientais das hidrelétricas e pretende endereçar questões e alertas para o Congresso Mundial de Hidrelétricas, que acontecerá em Paris, na França, de 14 a 16 de maio.

A conferência contou com representantes do Brasil, Colômbia, Myanmar, cientistas, representantes da indústria e organizações não governamentais da Alemanha.

Segundo Heike Drillish, da ONG GegenStromung, que organiza o evento, apesar dos impactos das hidrelétricas serem conhecidos desde os anos 80, na Europa muitas pessoas ainda acreditam que as usinas hidrelétricas são uma opção limpa para geração de energia no contexto das mudanças climáticas. Foram esta e outras questões, como os efeitos das usinas sobre as mudanças climáticas e as alternativas sustentáveis de geração de energia, que estiveram em debate.

"Este é um espaço de diálogo com outros movimentos de países diferentes e que trazem experiências importantes nesse cenário de retirada de direitos e mudanças climáticas", afirmou Marta Tipuici.

Por G1 MT