Inspirada em tragédia da boate Kiss, aluna de MT cria placas de isolamento com casca de fruto do cerrado e concorre a prêmio
Isabel Cristina Dias Bento, de 17 anos, disse que placas podem ter evitado a tragédia, já que impede a propagação do fogo.
A estudante Isabel Cristina Dias Bento, de 17 anos, concorre ao prêmio Jovem Cientista com um projeto que, segundo ela, poderia evitar tragédias como a da Boate Kiss, com o uso de placas de isolamento acústico. Ela mora em Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá, e estuda na Escola Estadual Nossa Senhora da Guia, no município.
O nome do projeto é "Como a Matemática das Formas (Fibonacci) e a Biodiversidade do Cerrado Brasileiro podem contribuir para evitar novas tragédias como a da Boate Kiss: o uso da casca de baru para confecção de placas de isolamento acústico".
A linha de pesquisa é buscar soluções locais para a conservação e o uso sustentável da natureza.
"A ciência faz parte da educação. Conversamos com as estudantes e a partir daí começou o trabalho e o projeto. Um orgulho para a instituição de ensino", ressalta Selma Carneiro, coordenadora pedagógica da Escola Estadual Nossa Senhora da Guia.
O que a Isabel desenvolveu envolve o uso da casca de baru para a criação de uma placa de isolamento acústico sustentável e, além disso, foi o primeiro trabalho que identificou em uma fruta do nosso cerrado (Baru) a sequência matemática de Fibonacci.
A inspiração surgiu após o grave acidente que matou 242 pessoas na Boate Kiss, em 2013, na cidade de Santa Maria-RS. A facilidade do fogo se alastrar foi devido ao uso de um colchão de poliuretano como isolamento acústico, que tem fácil combustão, altamente inflamável.
A fabricação utilizando o baru apresentou resultados técnicos acústicos considerados bons e ainda uma baixa inflamabilidade.
"Em 2013, se eu estivesse com esse projeto já confeccionado ou outra pessoa já o tivesse desenvolvido, talvez não teria acontecido a tragédia da boate", conta Isabel Bento.
Além de ser utilizado em boates, essa espuma acústica de poliuretano também é comum em estúdios musicais e até mesmo residências para isolamento do som.
Com a nova solução, por meio do baru, o custo de fabricação seria menor e ainda geraria renda para as comunidades que a possuem.
O projeto de Isabel é coordenado pelo professor Márcio de Andrade Batista, o primeiro brasileiro a concorrer ao Global Teacher Prize, considerado o prêmio "Nobel da Educação", em 2015 e colaboração de Selma Carneiro.
Para ele, o trabalho de Isabel só reforça que os novos talentos estão sendo identificados nas escolas. "Com certeza existem mais alunos brilhantes como ela. Nenhum país em desenvolvimento cresce sem a força da ciência e o nosso papel é esse: ajudar que esses talentos revelem e proponham grandes respostas", afirmou.
Os próximos passos são refinar a proposta, com testes já solicitados com o Corpo de Bombeiros de Barra do Garças e então a divulgação científica. Após essas etapas, a disponibilidade da solução para a sociedade não apenas de Barra do Garças, mas de todo o país.
Isabel também concorre ao prêmio "Respostas para o amanhã" com o projeto "Como a matemática das formas (Fibonacci) e Ensino da Equação de Bernoulli podem contribuir com a sustentabilidade, ensino de ciências e a economia criativa".
Fonte: Lucas Iglesias, Centro América FM